terça-feira, 31 de maio de 2011

Organização dos trabalhadores

Contra as difíceis condições de vida e de trabalho, a classe operária começou a se organizar e luta pela melhoria de sua situação. As principais reivindicações eram, diminuição da jornada de trabalho para 08 horas, ão da jornada de trabalho para 08 horas, repouso semanal, regulamentação do trabalho da mulher e do menor e aumento salarial. Algumas dessas reivindicações foram conquistada, como, por exemplo, ocorreu com o decreto de janeiro de 1891,que regulamentava o trabalho de menores.



Jornal anarquista A Plebe, Arquivo Edgard Leuenroth - AEL.




Ilustração publicada em 1º de maio de 1915, no jornal A voz do trabalhador, da Confederação Operária Brasileira.


Manifestação de rua de operários grevistas em São Paulo durante os anos 1910. Fonte: TOLEDO, Edilene. Anarquismo e sindicalismo revolucionário: trabalhadores e militantes em São Paulo na Primeira República. São Paulo: Perseu Abramo, 2007.

Cenas de festivais operários em favor do jornal anarquista Voz do Povo, no Rio de Janeiro, nos anos 1920. Fonte: HARDMAN, Francisco Foot. Nem pátria, nem patrão! – Memória operária, cultura e literatura no Brasil. São Paulo: Ed. UNESP, 2002.

O liberalismo ortodoxo da Constituição de 1891, porém, reafirmou a não intervenção do Estado no mercado e nas relações de trabalho entre trabalhadores e patrões era visa como prejudicial e atentatória à livre circulação de mercadorias, mais específicamente à compra e venda da força de trabalho.
Por isso, a legislação trabalhista praticamente inexistia. Em última análise, as questões trabalhistas caíam na jurisdição do Código Penal, daí a afirmação repetida de que a questão social na Primeira República não passava de um caso de polícia.
A política do Estado brasileiro sofreu as modificações a partir de 1919, face aos problemas nas relações de trabalho. Essas mudanças resultaram, em primeiro lugar, do crescimento e das pressões dos movimentos grevistas que ocorreram com grande intensidade entre 1917 e 1919; e, em segundo, do fato de o Brasil ser signatário do Tratado de Versalhes, que exigia a adoção de medidas legislativa no que diz respeito às relações de trabalho.
Em função dessas mudanças foram feitas diversas leis trabalhistas. Em 1919, a lei de amparo aos acidentados de trabalho e, em 1923, a lei criando a caixa de aposentadoria e pensões para os ferroviários, que estabelecia um fundo com a contribuição dos trabalhadores, que poderiam utiliza-lo em casos de assistência médica ou de aposentadorias e pensões para herdeiros, além de fixar que após 10 anos de trabalho a demissão só poderia ocorrer em caso de falta grave comprovada em inquérito administrativo.
Em 1926, esses mesmos direitos foram estendidos aos empregados das empresas de navegação e marítima ou fluvial e às de exploração de portos.
Em 1925, é estabelecido o direito de 15 dias de férias anuais aos empregados e operários de estabelecimentos comerciais, industriais e bancários, e, em 1927, são consolidadas as leis de assistência e proteção ao menor, estabelecendo a proibição do trabalho dos menos de 12 anos.
Paralelamente foi criado, em 1923, o Conselho nacional do Trabalho, “orgão consultivo dos poderes públicos em assuntos referentes à organização do trabalho e previdência social.
Artur Bernardes, então presidente da república, dizia “Caberá ao CNT, examinar, mediante métodicos inquéritos e cuidadosas investigações, as condições de trabalho no Brasil, sem suas principais particularidades, recolhendo e coordenando elementos que habilitem os poderes públicos a incorporar à nossa legislação as reformas e medidas mais convenientes e oportunas”.
Em 1928, o Conselho Nacional do Trabalho ganhou uma importância ainda maior quando foi transformado de orgão consultivo para orgão com funções executivas. Em 1926, as mudanças feitas na Constituição alteraram o papel do Estado face às relações de trabalho, dando competência ao Congresso Nacional para “legislar sobre o trabalho”.
Nesse contexto histórico, onde o Estado intervém sempre para proteger os interesses do capital, de ausência de salários mínimos legais e direitos trabalhistas básicos, existia uma dura disciplina nas fábricas, com castigos corporais e rítmos de trbalho exaustivos para compensar a precariedade da indústria e para prevenir contra revoltas e insurreições.
Para o Estado oligárquico, reprimir os movimentos grevistas é também evitar maiores desordens sociais. A questão social é uma questão de polícia.
Nas décadas de 1910 e 1920 se multiplicam as greves e, evidentemente, as repressões às lideranças que as mobilizam, notadamente os sindicalistas anarquistas, comunistas e socialistas. Aumenta a chegada de estrangeiros, que se misturam com os nativos, poliltizando e elevando o nível de consciência e identidade de classe de suas reivindicações.
A Polícia trata de, com base na força, desmantelar os sindicatos e o governo busca acelerar a criação de leis mais rígidas que expulsem os elementos estrangeiros presente nos movimentos e lutas operárias, tido como baderneiros, insufladores da desordem, inimigos do progresso e da pátria.

Texto de Angêla Maria de Castro Gomes em Cidadania e direitos do trabalho. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.2002.

Por tudo isso, uma das principais características do início de uma luta por direitos no Brasil foi a necessidade de enfrentar a dura herança de um passado escravista, que marcou profundamente toda a sociedade, nas suas formas de tratar e de pensar seus trabalhadores. Na virada do século XIX para o XX, produzir uma identidade positiva para o trabalhador e dar valor ao ato de trabalhar exigiram um esforço muito grande. De um lado, porque se tratava de afirmar a dignidade do trabalhador, de onde decorria a demanda por direitos,sem que se pudesse recorrer a um passado de tradições - ao contrario, era necessário superar o passado escravista para que um futuro pudesse se desenhar. De outro lado, porque a identidade desse sujeito que integrava o mercado de trabalho também não possui contornos nítidos.
Nesse processo foi preciso descobrir valores, inventar palavras, símbolos e formas de organização capazes de criar, no país, um nova tradição de respeito ao trabalhador, agora um CIDADÃO E NÃO MAIS UM ESCRAVO.Uma dicotomia que sobreviveu muito tempo depois do fim da escravidão, demarcando uma fronteira que, além de juridica, era pronfudamente sociocultural.
Os anos da primeira república foram, portanto fundamentais para a constituição de uma identidade de trabalhador e também o momento inicial das lutas por direitos sociais do trabalho no Brasil.
Considerando-se a força política e econômica das oligarquias e do patronato, é possível entender a eficácia do veto imposto às iniciativas que buscavam regulamentar o mercadode trabalho. Sob esse ângulo, as raras conquistas realizadas pelo movimento operário da época, que tinha aliados entre parlamentares e intelectuais, ganham outra dimensão. Embora tenha sido tempo de organizações de trabalhadores ainda muito frágeis, elas conseguiram disseminar uma experiência de reivindicações, consolodando ideiais e práticas de luta entre os trabalhadores. Mesmo que suas conquistas materiais tenham sido pequenas e efêmeras, pode-se dizer que, ao final da Primeira República, existia uma figura de trabalhador brasileiro que lutava por uma nova ética do trabalho e por direitos sociais que regulamentassem o mercado de trabalho.
Essa transformação não é de pouca importância, sobretudo quando se sabe que foi fruto de uma ação cotidiana, que se realizava nas fábricas, nas associações de classe e nas ruas, sofrendo sistmática recusa do patronato e Violenta repressão policial.
É certo que essas lutas foram fragmentárias, difíceis e conseguiram poucos resultados imediatos, até porque o Estado não dispunha de instituições para garantir a aplicação das leis. Mas elas existiram, e os avanços que os direitos sociais tiveram no Brasil do pós-1930 não devem ser analisados fazendo-se tabula rasa de tudo o que foi conseguido anteriormente. É preciso ter clareza de que o período da Primeira República não foi de vazio organizacional, durante o qual a população desconhcesse formas de associação e luta por direitos. Em certo sentido, quando se reforça essa visão, assume-se o discurso dos ideólogos do pós-30, que construíram uma imagem negativa dessa experiência repúblicana para legitimar uma proposta de Estado forte, associando autoritarismo a direitos do trabalho. Portanto antes da chamada Revolução de 30, uma luta sistemática já vinha sendo travada pela expansão dos direitos do trabalho no Brasil.



Trabalho infantil e feminino

Apesar da pouca idade, muitas crianças operavam máquinas industriais, como se fossem adultos. Fonte Petta, N. L. de. A fábrica e a cidade até 1930. São Paulo, Atual, 1995. p. 32

Um dos principais problemas dos operários no início do século XX, era a utilização da mão de obra infantil, devido a grande exploração dos operários, os mesmos precisavam colocar seus filhos muito cedo para trabalhar. Em um momento em que educação era muito precária e muito restrita a classes mais abastadas, o trabalho embora não fosse a melhor das escolas foi determinante para a que a classe trabalhadora passasse a se unir. O operário não era importante.Sua subjetividade, seus sonhos, desejos não contava.O que contava era que ele acordasse cedo com escuro e chegasse tarde em casa.Dormisse no máximo cinco horas por noite apenas para recuperar as forças físicas, para no dia seguinte voltar a um trabalho estafante, num ambiente sujo, empoeirado, úmido, escuro, sufocante.No início da industrialização da produção urbana e fabril, os fabricantes obrigavam os pais até a trazerem os filhos para as fábricas.E além das constantes mutilações nas máquinas por parte dos adultos cansados e mal alimentados, as crianças também foram vítimas de mutilações além de castigos corporais dados pelos capatazes das fábricas.
Crianças operárias que, junto com os adultos, formavam a mão-de-obra de uma fundição em 1920 - Foto Departamento do Patrimônio Histórico SMCPMSP



Operários ao lado das máquinas no interior de uma tecelagem paulistana, no início do séc. XX. Fonte Gli italiani nel Brasile, CUT.

Coleção de R. Haack, pertencente ao Museu Imperial, operários da fábrica da cascatinha.


Desde cedo os filhos de operários tinham que trabalhar para auxiliar no sustento da família. Fonte Petta, N. L. de. A fábrica e a cidade até 1930. São Paulo.
Opeários diante da fábrica, na cidade de São Paulo, pousando para a fotografia coletiva,no final do século XIX. Fonte Gli italiani nel Brasile - CUT.

A classe operária era numericamente pequena em relação à sociedade brasileira naquele período histórico, quando a maioria dos trabalhadores vivia sob relações de produção não capitalistas. O contingente operário, mesmo nas grandes cidades, era comparativamente menor que o conjunto dos trabalhadores. Com o tempo, a classe foi crescendo e ganhando contornos mais nítidos, multiplicando-se em número de operários e categorias profissionais.
Esse processo de transformações, que teve como centro a economia cafeeira e a implantação da indústria, resultou no surgimento e desenvolvimento de novas categorias e classes sociais.
À medida que esse processo de transformação avançou e a indústria foi sendo implantada, surgiram duas classes sociais – a burguesia e a classe operária, ou proletariado, como eram identificados os trabalhadores urbanos naquele contexto.
Com interesses contraditórios e mesmo antagônicos entre si. A primeira, formada por industriais, banqueiros, comerciantes, etc., proprietários das máquinas, capital, matérias-primas, enfim, dos meios de produção, subsistiu e se desenvolveu com base na exploração de mais-valia da força de trabalho.
A segunda, constituida por operários fabris, ferroviários, portuários, etc., encontrava-se expropriada dos meios de produção e dispondo, para sobreviver, apenas de força de trabalho que se via obrigada a vende no mercado para o capitalista em troca de um salário.
As condições de vida e trabalho dos primeiro operários brasileiros eram difíceis. A jornada de trabalho, em muitos casos, chegava-se a 12, 14 e até 15 horas por dia e os trabalhadores não tinham direito ao descanso semanal remunerado, a domingos, a feriados ou a férias anuais.
Não existiam, muitas vezes, contratos de trabalho. Os operários eram admitidos e demitidos verbalmente se sem qualquer tipo de indenização. em caso de atraso de pagamento, os operários não contavam com nenhum recurso jurídico contra seus patrões.
Os capitalistas não tinham qualquer obrigação cm caso de doença do trabalhador, mesmo em se tratando de acidentes de trabalho ou de doenças profissionais.
Acidentes de trabalho e doenças profissionais eram comuns na época, dado o enorme grau de insalubridade, periculosdade e péssimas condições de higiene nos ambientes de trabalho, doenças como tuberculose, pneumonia, e acidentes que causavam perdas de dedos, mãos e até mortes nas engrenagens e serras, nos locais de trabalho.
A disciplina e a coerção no interior das fábricas eram bastante rigorosas, visando a garantia do máximo de rendimento de mão-de-obra. Os operários estavam sujeitos a multas, castigos corporais, ameaças e outros tipos de coação. “Cada fábrica tinha um aspecto fosco e hostil de presídio, com seus guardas de portão fardados e armados, operários e operárias submetidas a vexatórias revistas e humilhantes observações, quando não recebiam ameaças de toda sorte.

Junto com as péssima condições de trabalho, a classe operária suportava o precário nível de vida, devido aos baixos salários, ao desemprego, ao custo de vida alto e aos aluguéis caros, o que trazia, como consequência, a subnutrição e as doenças.
A remuneração da mão-de-obra era estipulada, dentro da conjuntura do mercado de trabalho, segundo os cálculos de cada um empregador ou empregadores de cada setor econômico.

O exíguo grupo capitalista aglutinado em oligarquia patronal, que se havia abalançado à criação de fábricas geralmente de tecelagem e metalurgia, estabelecera seus cálculos sobre uma base salarial baixíssima, salário de escravo, exploração brutal do braço humilde que se encontrava em abundância no país, gente de pés descalços e alimentação parca – um punhado de farinha de mandioca, feijão, arroz, carne seca -, artigos alimentares baratos e abundantes no mercado; café adoçado com mascavo e um pouco de farinha, pois pão era artigo de luxo, bem como o leite, a carne, os condimentos e os legumes, estes últimos desconhecidos nas casas dos trabalhadores. E quanto à moradia, estava confinada a barracões em fundo de quintal, em porões insalubres, em casebres geminados (cortiços).
O Jornal “A Plebe” de agosto de 1902, “as casas eram infectas, as ruas, na quase totalidade, não são calçadas, há falta de água para os mais necessários místeres, escassez de luz e esgotos”.
Nas primeiras décadas deste século, as habitações operárias concentravam-se, geralmente, nas proximidades das fábricas, em bairros como Brás, Moóca, Belenzinho, Pari, Bexiga, Lapa, Água Branca, Cambuci, Ipiranga e Vila Prudente, em São Paulo. Bangú, Gamboa, São Cristóvão, Gávea, Tijuca, No Rio de Janeiro. Jaboatão e São José, No Recife.
Neles, predominavam cortiços e casas minúsculas em terrenos insalubres. Alguns empresários, como Jorge Street, Por exemplo, construíram vilas operárias, entre elas, a de Maria Zélia, em São Paulo. Embora confortáveis que os cortiços, isolavam-se os operários de outros setores da classe e os mantinham sob controle social e ideológico da empresa.
Os baixos salários, insuficientes para sustentar uma família operária, forçaram a entrada de mulheres e crianças no mercado de trabalho, onde passaram a representar uma parte significativa na composição da força de trabalho, principalmente dos setores têxtil, de vestuário ealguns outros.
Isso implicou um rebaixamento ainda maior dos salários e aumento do desemprego entre os trabalhadores adultos do sexo masculino; consequentemente, facilitou a superexploração da mão-de-obra proletária pela burguesia.
O jornal operário “A Plebe”, noticiou, em 1919, que os donos de uma tecelagem “despediram ontem, sem mais nem menos, 17 operários, todos eles já antigos na casa. Procurando saber os motivos de tal gesto, as vítimas puderam averiguar que eles pretendem arranjar menores para fazerem o serviço, porque as crianças são exploradas mais facilmente e contentavam-se com a pequena remuneração”. (Simão, 1976).
Em 1901, um relatório oficial apontou que um grande número de meninos de 09 a 11 anos trabalhava durante o dia e a noite nas indústrias, aparecendo até mesmo casos de crianças de 05 anos que vendiam sua força de trabalho.
Ainda segundo “A Plebe” citado no trabalho de Simão (1976) as mulheres nesse ano representavam 33% da força de trabalho em São Paulo.
Em 1912, ainda segundo essa mesma fonte, dos 10.204 operários de 31 fábricas têxteis de São Paulo, 67% eram mulheres e em grande parte menores. Segundo Carone (1988) “na indústria metalúrgica ou mecânica, o número de menores também era predominante, sendo que aqui o sexo aceito era o masculin. Com exceção de um reduzidíssimo número de técnicos (mecânicos, ferramenteiros, moldadores, fundidores) o restante era constituido de carvoeiros, alimentadores de fornalhas, fazendo serviços quase suicidas pelas bronquites, pneumonias, reumatismo que iam contraindo. Os menores (em que se contavam rapazinho de 08 anos) eram empregados em serviços pesados, alguns incompatíveis com sua idade e constituição física.”(1988).
Uma das principais lutas do movimento operário brasileiro era contra a utilização indiscriminada de mão-de-obra infantil nas industrias, como assinalou, em 1917, um artigo do jornal O Estado de São Paulo, por ocasião do recente movimento grevista uma das reclamações mais insistentes dos operários era contra a exploração dos menores nas fábricas. Aliás não faziam mais que exigir o cumprimento das leis existentes. Entretanto, os industriais, à exceção da firma X – que conta com a inimizade do inspetor sanitário – continuam a empregar menores em trabalhos impróprios. Entre eles, podemos citar nominalmente o sr. Y porque assistimos ontem à entrada de cerca de 60 pequenos às 19 horas na sua fábrica na Moóca. Essas crianças, entrando àquela hora, saem às 06 horas. Trabalhava, pois, 11 horas a fio, em serviço noturno, apenas com um descanso de 20 minutos, à meia-noite. O pior é elas se queixam de são espancadas pelo mestre de fiação. Muitas nos mostraram equimoses nos braços e nas costas. Algumas apresentam mesmo ferimentos produzidos com uma manivela. Uma há com as orelhas feridos por continuados violentos puxões. Trata-se de crianças de 12, 13 e 14 anos.




terça-feira, 24 de maio de 2011

Trabalho e cidadania. Ontem e hoje.



Protesto paulista sobre o aumento do salário mínimo 18/01/2011. Fonte: Notícias R7, Júlia Chequer.

O Trabalho sempre teve importância na história como expoente na luta por direitos. A busca por ganhos materiais, inerentes da classe trabalhadora em todo mundo, são caracterizadas por grandes manifestações. Afim de se ter uma noção dessa importância, vamos lembrar de um dos primeiros desafios do governo Dilma, desafio esse extremamente ligado aos trabalhadores e a forma como hoje são negociados os ganhos materiais dos trabalhadores e que tipo de pressão é feita pela classe trabalhadora.
 No início do governo da presidente Dilma, o primeiro grande debate foi em torno da votação do novo salário mínimo no congresso nacional. Embora fosse um período onde oposição e governo estavam passando pelo primeiro grande teste, por conta das ultimas eleições que redefiniu ambas as bancadas, com vantagem governista devido que em teoria obtinha maior número de parlamentares. Mas, mesmo assim foi um período turbulento. Centrais sindicais e oposição tentavam pressionar o congresso a votar por um valor de salário mínimo maior do que o governo anunciara como ideal, que era de 545,00 reais. A forma do governo expor este valor é respondido no gráfico abaixo:
Segundo o governo o país precisava conter o impacto nas contas públicas, o orçamento do governo já pretendia conseguir um corte de 50 bilhões, se o aumento não fosse muito elevado o orçamento não teria um corte ainda maior. Para deputados e senadores isso significava que para obter maiores valores em suas emendas, deveriam assim votar com a proposta do governo. Como mostrado acima as centrais sindicais pretendiam um aumento de 580,00 reais. Em um primeiro momento o governo sinalizou que entraria em negociação com as centrais. Mas o próprio ministro do trabalho informa que não haverá negociação.


BRASÍLIA - O governo Dilma Rousseff decidiu abrir negociações com as centrais sindicais, atendendo a um apelo feito em carta entregue na semana passada. A informação foi dada nesta quarta-feira pelo líder do PDT e presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (SP). Paulinho comemorou a iniciativa, quando questionado pela imprensa sobre as negociações em torno do aumento do salário mínimo, do reajuste dos aposentados e da correção da tabela do Imposto de Renda.
" O ministro Gilberto Carvalho ligou para as centrais, abrindo a negociação "
- Acho que estamos melhor, muito melhor de ontem para hoje. O ministro Gilberto Carvalho ligou para as centrais, abrindo a negociação. Se Gilberto ligou às centrais, é uma boa notícia.
Na terça-feira, a Força Sindical entrou na Justiça contra a falta de correção da tabela do Imposto de Renda e Paulinho anunciou que isso será feito nos outros sete estados:
- Temos que corrigir a tabela, ou então é confisco. São R$5,7 bilhões a mais que entram nos cofres públicos. Se as negociações não avançarem, entraremos na primeira semana de fevereiro, pedindo a correção, no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Segundo o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, o encontro entre Gilberto Carvalho e os representantes das centrais foi marcado para a próxima quarta-feira, às 16h30m. Será a primeira conversa de reabertura de negociações. Participarão do encontro seis centrais: CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CGTB.
- Ficamos meio preocupados porque, nos outros anos do governo Lula, sempre começávamos a negociar em dezembro. Era troca de governo, mas criou um clima instável. Eles estão atendendo a um pedido nosso, de abertura de negociações, que estava na carta que entregamos na semana passada à presidente Dilma e aos ministros. Essa será a primeira reunião e os temas são os colocados na carta: mínimo, reajuste dos aposentados e a correção da tabela do Imposto de Renda. É um bom sinal - disse Juruna.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, evitou polemizar sobre o valor do mínimo. Lupi lembrou que já defendeu um valor maior que os R$ 545,00 , mas que acatou o valor decidido por Dilma na medida provisória. Segundo ele, o governo apresentou sua proposta e agora cabe ao Congresso Nacional discutir o tema. Indagado se defenderia um valor maior, Lupi afirmou:
- O governo foi até onde podia. Tem suas limitações orçamentárias, limitações de gastos. Sou integrante do governo, defendi até uma posição diferente, mas quando a proposta da presidente é colocada, a gente tem que acatar essa proposta.
Segundo Lupi, a bancada do PDT é livre para defender um valor diferente do proposto pelo governo e a discussão, do valor do mínimo e de outros temas, como a correção da tabela do IR, se dará no Congresso.
Leia mais:
Lupi: Congresso é soberano para decidir sobre reajuste de mínimo


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/01/19/governo-abre-negociacoes-para-reajuste-do-salario-minimo-923565628.asp#ixzz1NKAP9hND
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Para um Partido de oposição de extrema esquerda:

Governo e centrais encenam negociação para manter o salário mínimo de fome


No acordo ensaiado pelo governo e centrais como CUT e Força Sindical, o único prejudicado será o trabalhador




DIEGO CRUZ
da redação
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  José Cruz/ABr
 
  Reunião entre governo e centrais


• Ao longo desse dia 26 de janeiro a imprensa destacou o que seria a negociação entre o governo e as centrais sindicais para o novo valor do salário mínimo. Enquanto o recém-empossado governo Dilma insiste no mínimo de até R$ 545, as centrais pedem um salário de R$ 580. Os discursos dos representantes do governo e os dirigentes das centrais passam a ideia de uma dura negociação a fim de se chegar a um acordo. Mas, será mesmo assim?


Regra nefasta
Uma das últimas medidas de Lula no Planalto foi a edição de um decreto estabelecendo um salário mínimo de R$ 538 a partir de 2011. O valor foi arredondado no Congresso para R$ 540, número que sequer repõe a inflação do período. Nos últimos dias, porém, com a reclamação das centrais, o governo vem admitindo conceder, no máximo, R$ 545.


O mais irônico dessa “negociação” é que o governo reivindica o próprio acordo que Lula firmou com as centrais em 2007 para o que chama de valorização do salário mínimo. Pela regra estabelecida com CUT, Força Sindical e demais entidades, o mínimo receberia a reposição da inflação e o reajuste equivalente à variação do PIB de dois anos antes.


Nos dois anos seguintes, as centrais se satisfizeram com o reajuste raquítico que a regra estabelecia. Não só isso como se vangloriavam do acordo, estudando até mesmo a possibilidade de se cravar a fórmula como lei na Constituição. Pois bem, o problema é que em 2009, fruto da crise econômica internacional que se abateu com tudo no país, o PIB se reduziu. Pela regra construída com as entidades, o mínimo não deveria ter qualquer reajuste.


Tal situação desmascara o papel cumprido por centrais sindicais como a CUT, Força Sindical, CGT, e demais entidades que colocaram seus nomes avalizando o acordo do salário mínimo. Ao mesmo tempo em que perpetua um valor absolutamente irrisório, que constitui apenas um quarto do que deveria ser o salário mínimo para cumprir os critérios definidos pela Constituição, o acordo visa impedir qualquer processo de mobilização. O próprio presidente da CUT, Arthur Henrique, insiste que o objetivo não é quebrar o acordo com o governo, mas apenas incluir uma “exceção” para este ano.


O atrelamento do reajuste do salário mínimo ao crescimento do PIB impede, por exemplo, que se aumente o salário em anos de crise econômica ou recessão, justamente quando mais se deveria elevar o seu valor.







As posições são divergentes mas como vimos neste ano, quem ganhou a quebra de braço foi o governo e sua proposta de R$ 545,00.


Portanto, vemos que os interesses da classe trabalhadora brasileira continuam em pauta. Os sindicatos em teoria permanecem reivindicando mais ganhos aos trabalhadores, com muitas críticas o partido de extrema esquerda supõe certa falta de vontade das centrais sindicais, o que você acha?
 Após opinar sobre isso responda: os salários no Brasil sempre foram negociados desta forma?